terça-feira, 3 de maio de 2011

G.I.Joe: O Ataque dos Cobra

Embora tivesse este post planeado para mais tarde, os emails recebidos (que aproveito para agradecer agora publicamente) onde questões como "e os novos Joes?", "Que achaste do filme?" e "E o próximo filme?" fizeram com que fosse de certo modo pertinente iniciar a etiqueta "Rise of Cobra". Assim, achei que a melhor forma de o fazer seria transcrever o conteúdo da crítica ao filme "G.I.Joe - O Ataque dos Cobra" que tive oportunidade de fazer no jornal de Cascais "Costa do Sol".


Assim e sem mais demoras, segue o texto na íntegra...


Em defesa de um bom filme (G.I.Joe – O Ataque dos Cobra)


Sendo cascalense, filho de assinantes do jornal e fã incondicional do universo que proporcionou a Stephen Sommers a realização do filme que estreou em Portugal no passado dia 13, tenho finalmente uma oportunidade de escrever, sabendo do que falo, ao jornal da minha terra.
      Muito se tem falado nos últimos dias do “filme do antigo brinquedo”, de mais um filme sobre “figuras de acção”. A verdade é que se referem, provavelmente sem saber, à mítica linha de brinquedos da Hasbro, que na verdade, inventou o termo “figura de acção”. Foi apelidado de “mais um blockbuster de verão” e imediatamente associado a “franchises” como Transformers, X-Men, etc. É incomparável. Assim como não se compara o Super-Homem ao Homem-Aranha.



No formato que serviu de inspiração ao filme, G.I.Joe chegou a Portugal como “Action Force – Os Heróis Internacionais” em 1987, nome emprestado pelos britânicos. Foi preciso esperar pelo final dos anos 80 para ver comercializados os “bonecos” no seu nome verdadeiro, não sendo de  admirar que a geração que agora dobra os 20 não os conheça. Desde 1997, à semelhança do que fez com “Star Wars” nos últimos anos, a Hasbro virou-se para o mercado dos coleccionadores. E em Portugal, infelizmente para muitos, os brinquedos são cada vez mais as consolas. A verdade é que “G.I.Joe - A Real American Hero (o verdadeiro herói americano, onde a história do filme assenta na sua esmagadora maioria)” sendo desde 1982 o maior sucesso da Hasbro, já havia sido sondado várias vezes no sentido de se fazer um filme para além da animação. Depois do sucesso da parceria com a Paramount noutros projectos (em que também se incluem os Transformers, e não apenas), a Hasbro emprestou a jóia da coroa para gáudio dos que por este momento esperavam há muitos, muitos anos. 
Só por falta de informação é que alguém entra na sala de cinema à espera de um filme repleto de realismo militar. G.I.Joe fazia parte (na sua vertente de desenhos animados) da há muito perdida mão cheia de animações que ensinavam alguma coisa às crianças. A serem honestos, a terem cuidado com desconhecidos, a serem o melhor que podiam ser. O filme acaba por colocar tudo isso numa misturadora de efeitos especiais e debitar duas horas de puro entertenimento ao espectador. 


 Como fiel fã de G.I.Joe, devo confessar que, quando a notícia de que o filme estava em fase de “casting” saiu, receei o pior. Com o passar do tempo, ao ler o desenvolvimento dos acontecimentos, artistas envolvidos, direcção, produção, tive esperança que estivessem no caminho certo, e senti-me aliviado quando o constatei na sala de cinema. 



 Tendo viajado de Portugal a França para ver o filme que só uma semana depois estreava em portugal, senti-me satisfeito (mesmo vendo o filme dobrado em francês, "G.I.Joe - Le Réveil du Cobra", vinguei-me ao ver a ante-estreia e estreia no regresso a Portugal). Os detalhes, os diálogos, a atmosfera, tudo se inseria no mundo criado pela Hasbro há quase 3 décadas atrás.    Pequenas homenagens são captadas pelo fã atento. As cenas com o avião supersónico Cobra Night Raven são um ponto alto do filme, assim como o tão esperado duelo entre os ninjas “Storm Shadow” e “Snake-Eyes”.



A expectativa era grande, a fasquia também. O director Stephen Sommers sabia-o e assumiu-o com alguma dose de coragem e risco. Tendo Larry Hama (o criador das histórias originais) como consultor, procedeu a algumas alterações aos personagens e à história de fundo, no sentido de globalizar a “equipa” G.I.Joe que era até ao momento, uma referência norte-americana. Numa altura em que as conversões de personagens icónicos para o grande ecrã são cada vez mais comuns, e tão requisitadas como criticadas, o filme podia ser melhor, podia ser pior, mas o importante é que não fosse estragado a nível de história e credibilidade. E não foi. Quem se lembre das figuras de acção e tenha presente os seus tempos de menino com os fantásticos veículos, vai adorar. Carregado de acção e cenas que embora não sejam memoráveis ou dignas de um óscar, são visualmente impressionantes. Nota-se perfeitamente a mão do director de “A Múmia” e “Van Helsing” neste filme com direito a mais explosões que num filme de Michael Bay. O próprio referia em entrevista que terá sido, numa das perseguições mais originais do cinema, batido o recorde de explosões de carros num filme. Não se dá pelo passar do tempo, sendo que Stephen Sommers cumpriu com a promessa de ritmo. Com uma fórmula de casting semelhante ao “Star Wars” original (um astro para cada cinco ilustres desconhecidos), tendo Dennis Quaid, o veterano dos filmes de acção, a liderar a organização internacional, Marlon Wayans (Scary Movie) num pouco habitual papel de herói e alguns outros nomes conhecidos a servir de âncoras, os actores não desiludem e a história não perde.  


 Para a geração entre os 30 e 35 é um filme que trará nostalgia. Para os pouco mais jovens, algumas memórias, para todos os outros, muita diversão. É preciso não esquecer que o filme é largamente baseado no universo das figuras de acção e do seu mundo com as vertente do bem e do mal bem definidas, com os vilões a tomarem o mundo de resgate e os heróis a salvarem-no. Não é um filme sério, assim como não está perto de ser ridículo.
      Com lutas que lembram Jackie Chan, tanto na técnica como na comédia, é uma película de acção equilibrada. Com momentos de humor, outros de drama e até um pouco de romance, as quase 2 horas de filme são tudo menos perdidas. Não sendo um filme excelente e contextualizando no estilo, talvez até mediano, é um bom filme de matiné que já conseguiu em termos mundiais, atingir uma soma que permitisse garantir a sequela.
      Quem queira um filme de pipocas e divertir-se um pouco não sairá desiludido. Provavelmente irá até pesquisar um pouco no google quando chegar a casa.

Yo Joe!

  E para finalizar, um trailer com legendas em Francês (o que eu não daria para que tivesse sido assim em França)...


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